Obesidade infantil vai além do prato, é uma questão de saúde física e emocional

A obesidade infantil é um problema de saúde pública que preocupa especialistas e exige atenção urgente, segundo dados do Ministério da Saúde, a doença afeta 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa mesma faixa etária, 28% apresentam excesso de peso, um sinal de alerta para o risco de obesidade ainda na infância ou no futuro. O impacto vai muito além do prato, pois, envolve o bem-estar físico, emocional e o desenvolvimento saudável dessas crianças.
Para a nutricionista Thuane Santos, do Hospital Amhemed, o aumento dos casos está diretamente relacionado a hábitos alimentares inadequados, como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, o alto teor de açúcar na dieta e a baixa ingestão de frutas e verduras. “Além disso, muitas vezes a comida é usada como recompensa emocional. Mas montar um prato saudável e atrativo pode ser mais simples do que parece. Uma boa dica é brincar com as cores dos alimentos, criar apresentações divertidas, envolver as crianças no preparo das refeições e, principalmente, evitar proibições rígidas. Um ambiente alimentar positivo é mais eficaz do que a imposição”, afirma.
Thuane também destaca a importância de reduzir o acesso a produtos ultraprocessados em casa. “Cozinhar mais, dar o exemplo e ensinar as crianças a ler os rótulos dos alimentos são atitudes simples que fazem toda a diferença”, acrescenta.
Mas a questão não é apenas física, a psicóloga Jane Mary, que também integra o Grupo Amhemed, alerta que o excesso de peso pode afetar gravemente a autoestima e a saúde emocional das crianças, contribuindo para o isolamento social, episódios de bullying e até o desenvolvimento de transtornos mentais. “Muitas vezes, a criança come não por fome, mas para lidar com sentimentos como ansiedade, frustração ou carência emocional”, explica.
Para ela, o apoio de pais e educadores é fundamental, e deve ser livre de julgamentos. “Precisamos falar sobre saúde e bem-estar, não apenas sobre peso. Criar um ambiente acolhedor, onde a criança se sinta segura para falar sobre o corpo, é essencial. Isso evita que ela procure respostas equivocadas fora de casa”, afirma, Jane também reforça a importância do exemplo dos adultos, da prática regular de atividade física e da redução do tempo de tela, em favor de mais momentos em família.
Esses alertas reforçam a necessidade de união entre famílias, escolas e profissionais de saúde no combate à obesidade infantil, por meio de informação, acolhimento e mudança de hábitos desde os primeiros anos de vida.