Quantas quedas precisam acontecer até que a indústria calçadista repense o uso do cadarço de poliéster nos calçados infantis? A pergunta ecoa entre profissionais da educação e pais preocupados com a segurança dos pequenos.

Professor de educação física, treinador de futebol e pai, o técnico são-roquense, Pupo Fernandes, relata uma realidade recorrente nas quadras escolares: cadarços desamarrados se tornaram protagonistas de tropeços, quedas e, em alguns casos, acidentes evitáveis. “Em cada aula, amarro de 5 a 15 pares de tênis. Crianças de até 6 anos ainda não conseguem fazer laços firmes sozinhas”, conta.

O problema não está apenas na falta de autonomia dos pequenos, mas também no material utilizado. A maioria das marcas, grandes e pequenas, ainda opta por cadarços de poliéster. Apesar de serem baratos, resistentes e fáceis de tingir, o poliéster possui uma característica que o torna impróprio para essa faixa etária: ele se desamarra com facilidade.

Pais tentam contornar a situação com nós apertados antes de sair de casa, mas nem sempre isso impede acidentes. “Já vi muitas situações de risco simplesmente porque o cadarço se soltou durante uma corrida ou uma brincadeira. É um detalhe pequeno, mas que pode causar grandes estragos”, alerta o educador.

Algumas marcas já oferecem alternativas mais seguras, como os fechamentos em velcro, especialmente recomendados para crianças pequenas. Porém, esses modelos ainda são minoria nas prateleiras, limitando a escolha dos responsáveis.

Diante disso, o apelo é claro: é hora de a indústria calçadista repensar suas escolhas. Um simples ajuste, como oferecer mais opções sem cadarço ou com materiais que garantam maior segurança, pode representar um passo importante na prevenção de acidentes na infância.

Porque quando se trata de crianças, nenhum detalhe é pequeno demais para ser ignorado.