O Brasil possui aproximadamente 34 milhões de pessoas com idade entre 14 e 24 anos, e deste total, segundo estimativas do Ministério do Trabalho e Emprego, apenas 14 milhões de jovens, aproximadamente 41%, estavam empregados no primeiro semestre deste ano.

Ingressar no mercado de trabalho é o grande desafio dos jovens no Brasil. Falta de experiência, desconhecimento sobre as oportunidades de emprego e ainda a necessidade imediata de renda são alguns dos obstáculos encontrados.

O levantamento do Ministério do Trabalho revelou ainda que 1,3 milhões de jovens iniciam a sua carreira profissional como vendedores, operários da construção civil, condutores de motocicletas, cuidadores de animais, ajudante de cozinha, entre outros.

O que muitos jovens não sabem é que cursos de tecnologia, que costumam ter um tempo de duração menor e um custo mais acessível, podem ser uma porta de entrada ao mercado de trabalho.

Segundo dados da pesquisa “Jovens e Ensino Técnico”, do SENAI, 42% dos jovens de 14 a 24 anos conhecem pouco ou nada sobre educação profissional. Esse desconhecimento é ainda maior, de 52%, entre os jovens com idades entre 14 e 17 anos, e é mais acentuado entre os que têm menor escolaridade, sendo 62% entre os que possuem até o ensino fundamental.

Um exemplo de como os cursos técnicos podem ser uma porta de entrada para o mercado de trabalho é David dos Santos Conceição, de 17 anos, que começou a fazer um curso técnico de AutoCAD, um software de desenvolvimento de produtos e desenhos gráficos, há cerca de dois anos, e ingressou no mercado de trabalho como projetista.

Quando começou as aulas de AutoCAD, por sugestão do pai, acreditava que não conseguiria “nem aprender” a utilizar o sistema. No entanto, se identificou de tal maneira com o curso que se inscreveu em outros, e logo depois, começou a trabalhar na área.

“Meu pai me levou para acompanhar alguns arquitetos e ver como era o trabalho deles. Me interessei, fiz os cursos e achei muito legal. Comecei, então, a trabalhar como projetista e agora quero continuar nesse ramo, ingressando na faculdade de Arquitetura a partir do ano que vem”, relata.

De acordo com Vitor Venancio, diretor executivo da EJEM, escola especializada em cursos técnicos profissionalizantes nas áreas de engenharia e arquitetura, 70% dos alunos de 15 a 30 anos que buscaram os cursos oferecidos pela unidade entre janeiro e agosto de 2024 estão ativos no mercado de trabalho.

Segundo ele, na área em que atuam, o mercado está bastante aquecido e há sempre oportunidades para vagas técnicas, como projetistas, modeladores 3D, renderizadores, entre outras. Dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados em setembro, demonstram que a construção civil criou 13.372 postos no mês de agosto deste ano e 213.643 no acumulado de 2024.

“É comum que construtoras e empresas do setor entrem em contato conosco em busca de profissionais com conhecimento nessas tecnologias. Diante dessa demanda, criamos, inclusive, um banco de talentos para indicar às empresas os alunos que se destacam nas aulas”, afirma.

Venancio reforça a importância de os jovens se capacitarem antes mesmo de ingressarem no mercado de trabalho. “Ter uma qualificação destaca o jovem como profissional no mercado. Além disso, o salário inicial de um tecnólogo frequentemente supera a média das áreas mais comuns para o primeiro emprego, como comércio, indústria ou construção”, conclui.